terça-feira, 26 de janeiro de 2016



Abaixo, vídeos minuto elaborados como trabalhos finais na disciplina Artes e Tecnologias, da VIII Etapa da Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena - LICEEI.
A proposta foi: desenvolver vídeo minuto com conteúdo baseado em aspectos tratados em sala, que, de modo geral, relacionam-se à especificidade do ensino de Artes em escolas indígenas, para crianças, jovens e adultos estabelecidos em territórios indígenas.  
Vejam o resultado!

Trabalho produzido na Oficina de vídeo minuto da VIII Etapa da LICEEI - IAT/UNEB. Salvador. Janeiro de 2016.

Trabalho produzido na Oficina de vídeo minuto da VIII Etapa da LICEEI - IAT/UNEB. Salvador. Janeiro de 2016.

Trabalho produzido na Oficina de vídeo minuto da VIII Etapa da LICEEI - IAT/UNEB. Salvador. Janeiro de 2016.

ÍNDIO ARTES 2

Desenhos pontilhados

Série de vídeo minuto produzido na VIII Etapa da LICEEI. IAT/UNEB. Salvador. Janeiro de 2016.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

A fada Açucena em defesa do Aloque

Vídeo elaborado durante a V Etapara Intensiva da Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena - LICEEI.  Paulo Afonso, Bahia.  fevereiro de 2014.  
https://www.youtube.com/watch?v=G-nfKWWww7c

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Iniciamos o 3o Módulo do componente Artes, integrante das Linguagens, no dia 17 de fevereiro de 2014.
Esse módulo tem a participação mais que especial da professora Mestre Arissana Braz, Pataxó , Mestre em Estudos Étnicos (CEAO/UFBA), Graduada em Artes Plásticas (EBA/UFBA).

Após a explanação teórica sobre Arte Indígena no Brasil, partimos para atividade prática, intitulada Representação Modular.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Partimos do entendimento de que é necessário criar material pedagógico sobre realidade do ensino da arte em escolas indígenas que contemple o conhecimento empírico dos nossos povos.
O objetivo é dar visibilidade aos povos indígenas e as suas criações.
É importante que cada etnia tenha respeitadas as suas especificidades, particularidades, singularidades. Nesse sentido, a ideia de uma arte coletiva, universal indígena é falsa, já que cada povo tem as suas singularidades no que se refere aos fazeres artísticos.  E e essa especificidade que enriquece a diversidade cultural dos povos indígenas do Brasil e, mais particularmente, da Bahia.
Apesar de sermos integrantes da natureza, como todo humano, somos homens do mundo moderno.  Por isso, as questões da arte, mesmo quando relacionadas aos modos e formas tradicionais, também falam do tempo contemporâneo.  


O que é Arte Indígena?



O conceito de arte para os povos indígenas da Bahia não se restringe à determinação de sua construção material, mas, perpassa pela compreensão  de um conjunto de elementos culturais que são conduzidos através da relação interna e externa de cada povo, como algo que é para si e, em determinados momentos, é também  para o outro. A arte está presente não somente como objeto de exposição para apreciação do belo, mas, faz parte de uma construção de vivências que são alimentadas pelo sentimento de pertença de nossa ancestralidade e sacralidade de nosso povo, mas, dinamizada pela necessidade de pertencimento ao mundo contemporâneo. A produção da arte pode ser reconhecida na própria diversidade desses povos, que carregam em si ligações em comum, no entanto, possuem características próprias, sendo esta, parte de produções e reproduções artesanais, pinturas corporais, pinturas materiais, bem como, danças, cantos, contos e demais bens imateriais que fazem parte da cultura de cada povo.
(Hitxá, Wirianan, Txihi Xohã - Adriana Pesca, Emanoel de Almeida e Pedro Santo, Pataxó)

Conjunto de elementos materiais e imateriais que transmitem conhecimentos.
(Akauã, Ytajibá - Nádia Silva e Ramon Santos, Tupinambá)

São manifestações produzidas pelos povos indígenas com o objetivo da auto-afirmação de sua cultura respeitando as especificidades étnicas de cada comunidade indígena.
(Brazilice Kaimbé e Edvania Kiriri)

Eh uma expressão cultural, uma forma de transmitir ou pensamento.
(Elaine Kiriri e Leonardo Kiriri)

Eh a marca de um povo, na qual sao expressados valores culturais e tradicionais.
(Therezinha Tumbalalá e Maria Leidiane Tumbalalá)

Arte produzida pelos povos nativos brasileiros antes, durante e depois da colonização. A arte é também uma representação diversificada que utiliza apenas elementos naturais na composição da arte do seu povo.  
(Claudemir Kiriri)

A arte  indígena é transformação da matéria prima em um determinado produto usando meios manuais que é passado de geração em geração para obtenção de um produto final muitas as vezes para obter esse produto demorava horas ou ate mesmo dias, porque não era feitos de qualquer tipo de matéria prima e tinha sempre uma simbologia.
A arte indígena está presente no dia a dia da comunidade nas danças, musicas, grafismos(pintura corporal, cerâmicas) e nas manifestações culturais.

(Awoy, Txoarã - Voltair Santos e Vagner Santos, Pataxó)



Quais considerações podemos pensar junto com os nossos alunos sobre a industrialização do artesanato e a proximidade das nossas aldeias com a industria de turismo?

A produção de arte como produto de comercialização é uma realidade de muitas aldeias do território da Bahia. Diante disso, nós, povos indígenas desta região tivemos que adaptar nosso modo de vida e produção às exigências pertencentes às mudanças impostas pela própria sociedade. A chegada do turismo em alta escala em muitas de nossas comunidades tornaram-se ao mesmo tempo, inimigo e aliado, pois, na medida em que o turismo cresce, aumenta as possibilidades de circulação de nossos produtos artesanais, porém, traz consigo uma série de complexidades, pois, tanto a busca pelo aumento das produções e consequentemente, o aumento do uso de recursos naturais, quanto, a utilização da arte não somente como objeto de produção cultural, mas, com a intencionalidade de um mercado de vendas.  Diante dessa realidade, nossos alunos precisam caminhar entre estes dois mundos, o de uma cultura industrializada e uma cultura interna onde estarão sempre agregados os valores de nossos antepassados. É importante reconhecer que a indústria do turismo para muitas comunidades é atualmente, um dos meios de sobrevivência mais utilizados em nosso meio, não perdendo de vista que, para além do comércio e turismo, existem valores culturais que não podem se perder, pois, são estes que mantêm o próprio sentido de existência dos povos indígenas. 
(Hitxá, Wirianan, Txihi Xohã - Adriana Pesca, Emanoel de Almeida e Pedro Santo, Pataxó)

Atualmente as nossas comunidade vem sofrendo muito  com a industrialização do artesanato indígena. Antigamente fazíamos nossos artesanatos todos manualmente  e em pequenas quantidade. Com a chegada do turismo de massa e a industrialização do artesanato os pequenos artesão são prejudicado pela desvalorização de suas mercadorias, devido a industria produzir em grande quantidade o que um artesão levaria horas ou ate mesmo dias. Um dos fatores que levaram essa industrialização foi o turismo de massa e a proximidade das comunidades com a industria do turismo.


(Awoy, Txoara - Voltair Santos e Vagner Santos, Pataxó)

Na história da arte indígena o artesanato era utilizado como adorno e ornamentações. Hoje os povos indígenas da Bahia além de usarem estes adornos e ornamentações, também agregam valores fazendo da prática e do fazer artesanal um meio de sustentabilidade para as comunidades, e mesmo competindo com o mercado ainda é completamente artesanal. Nós Tupinamba do sul da Bahia, somos somos pioneiros na arte de fazer farinha, embora hoje, o municipio de Buerarema tenha se apropriado e a comercializa de forma industrial que distribui para todo o Estado enquanto o nosso povo faz de maneira manual e distribui entre os três muinicipios Ilhéus, Una e Buerarema. As vezes vemos algumas obras de arte como a biobijou em vitrines como as dos aeroportos, ainda não indistrializamos os nossos produtos, por estarmos em uma região turistica. O que é industrializado e se caracteriza como arte-indígena certamente não foi feito por índio.

(Akauã, Ytajibá - Nádia Silva e Ramon Santos, Tupinambá)


Nas nossas comunidades não temos relação com industrias de turismo, a não ser uma associação de artesãos vinculado ao Instituto Mauá, na qual os artesãos produzem industrialmente, vendem na Feira Cultural e em Datas Comemorativas. Com relação aos alunos confeccionam para dar continuidade ao artesanato, pois são objetos que fazem parte do nosso cotidiano.
(Brazilice Kaimbé e Edivânia Kiriri)

Devemos pensar a arte indígena não só como produto de comercialização, mas também produto de valorização da identidade cultural de cada povo. Para isso levamos os anciões ate a escola ou ate mesmo a escola até os anciões e assim conscientizar mais essa nova geração sobre a importância da preservação cultural e natural para nossa identidade.

(Todos)

 Como pensar a nossa relação com os recursos naturais frente a necessidade de utilização de tais recursos para a produção do nosso artesanato?

Estamos situados em uma região onde se tem uma das maiores diversidade de ávores, sementes e vários recursos naturais. É uma das preocupações da escola indígena é inserir nos primeiros anos a concepção de preservação do ambiente, da flora e da fauna, portanto osmeios de ultilizaçção desses recursos é sempre no sentido de manter  e fortalecer as práticas culturais. Esse é um tema que perpassa para várias disciplinas Ex: confeccionar um colar de sementes e dentes, ou um cocar com várias penas que requer atenção e uso da etnomatemática, pois a sua estética depende da quantidade ou de quanto vai precisar para cada peça. Sendo assim precisamos desses recursos naturais, pois fazemos parte desse meio ambiente, a preservação dele é a preservação da nossa auto-estima e da nossa cultura.
(Akauã, Ytajibá - Nádia Silva e Ramon Santos, Tupinambá)


Nos povos indígenas sobrevivem dos recursos da natureza, para a utilização desses recursos e produção desses artesanatos tem que pedir permissão a mãe natureza, respeitar o tempo de produção e reprodução das plantas e dos animais.
(Brazilice Kaimbé e Edivânia Kiriri)


Necessitamos pensar a natureza como um todo, uma fonte onde se procura de tudo um pouco, principalmente o material para confeccionar os artesanatos ou mesmo as pinturas, respeitar o tempo de produção e colheita, pois há uma relação de dependência e cuida r do que é nosso nos manteremos, então sempre procuramos manter o controle do que não pode ser retirado em grandes quantidades e o que é preciso fazer para o uso diário, como o que comercializar.
(Todos)



Como relacionar a autoria coletiva e a autoria individual?


As práticas culturais são coletivas e nos mantem em conexão com nossos ancestrais e com o sagrado. Na nossa cultura que até tão pouco tempo não se registrava, sempre nos foi passado oralmente através de nossos anciãos. Portanto ainda que alguém se aperfeiçoar ou de alguma forma confecciona seu material, ele tem orientação a que te dá hoje a condição de criar. A criação é em alguns momentos individuaise as vezes coletivas.
(Akauã, Ytajibá - Nádia Silva e Ramon Santos, Tupinambá)


Não ha problema em dividir autoria individual para a coletividade, pois essa, a divisão entre iguais, é a visão de mundo dos povos indígenas. 

(João da Cruz e América, Kiriri)




Com relação a Autoria coletiva e Autoria individual dificilmente se usa nas comunidades indígenas, nas produções indígenas há sempre a participação de duas ou mais pessoas para a realização de um determinado  fato, dificilmente atuamos  individualmente.
(Brazilice Kaimbé e Edivânia Kiriri)


Através do conhecimento de quem o produziu, do valor que essa ideia ou objeto venha há transmitir para quem  o aderiu, pois não existe o individualismo em uma comunidade, mas o compartilhamento de algo que possa ser bom para todos.
(Todos)



Ações para salas-de-aula em escolas indígenas


  • Levar escola indígena para visita aos artistas das comunidades;
  • Transmissão da história, mesmo em atividades artísticas;
  • Criação de um calendário especifico para as manifestações culturais dos povos indígenas da Bahia;


A arte como um sistema cultural. (Interpretação do texto de Clifford Geertz)
América Kiriri e Brazilice Kaimbé

A arte indígena é mais representativa do povo. Caracterizamos a arte como uma linguagem, uma estrutura, um sistema, um ato, um símbolo, um padrão de sentimento.
O que é mais interessante, porém, e, a meu ver, importante, é que só no Ocidente e talvez só na Idade Moderna, surgiram pessoas (ainda uma maioria que, suspeitamos, esta destinada a permanecer como maioria) capazes de chegar à conclusão de que falar sobre arte unicamente em termos técnicos, por mais elaborada que seja esta discussão, é o suficiente para entendê-la; e que o segredo total do poder estético localiza-se nas relações formais entre sons, imagens, volumes, temas ou gestos.
O sentimento que um indivíduo, ou, o que é mais crítico, já que nenhum homem é uma ilha e sim parte de um todo, o sentimento que um povo tem pela vida não é transmitida unicamente através da arte. Ele surge em vários outros segmentos da cultura deste povo: na religião, na moralidade, na ciência, no comercio, na tecnologia, na política nas formas de lazer, no direito e até na forma em que organizam  sua prática e cotidiana.A variedade, que os antropólogos já aprenderam a esperar, de crenças espirituais, de sistemas de classificação, ou de estruturas de parentesco que existem entre os vários povos, e não só em suas formas mais mediatas, mas também na maneira de está no mundo que encorajam e exemplificam, também se aplica as suas batidas de tambor, a seus entalhes, e a seus cantos e danças.
Não há dúvida, porem, de que esses povos falam sobre a arte, como falam sobre qualquer coisa fora do comum, ou sugestiva, ou emocionante que surja em suas vidas_ diz como deve ser usada, quem é o seu dono, quando é tocado, quem toca, ou quem faz, que papel desempenha nessa ou naquela atividade. É uma concepção externalizada de um fenômeno que, supostamente, está sendo inspecionado intensamente, quando, na realidade, não está nem mesmo a nossa linha de visão.
Pois, como não é nenhuma surpresa, Matisse estava certo: os meios através dos quais a arte se expressa e os sentimentos pela vida que os estimula são inseparáveis.
A compreensão desta realidade, ou seja, de que estudar a arte é explorar uma sensibilidade; de que esta sensibilidade é essencialmente uma formação coletiva; e de que as bases de tal formação são tão amplas e tão profundas como a própria vida social, nos afasta daquela visão que é considerada a força estética como uma expressão gradiloquente dos prazeres do artesanato. As obras de arte são mecanismos elaborados para definir as relações sociais, manter as regras sociais e fortalecer os valores sociais. A conexão central entre a arte e a vida coletiva, no entanto, não se encontra nesse tipo de plano instrumental e sim um plano semiótico. Nas palavras de Forge, o grupo produz “acres de pintura” nas folhas estendidas de tapetes de sagu, todas produzidas em circunstancias relacionadas a algum tipo de culto.
A associação entre a cor e a importância ritual pode também ser observada na reação dos abelam a importações européias... o que no entanto, é ainda mais importante, é que estas habilidades apropriadas, tanto no caso do observador como do pintor, não são, em sua maioria, inatas, como a sensibilidade retínica para distância focal, mas sim adquiridas através da experiência total de vida....
Ao olhar o quadro o observador tem que utilizar todas as habilidades visuais que possui; poucas delas são normalmente específica para a pintura, e provavelmente ele utilizará as habilidades que sua sociedade mais valoriza.
A famosa inteligência lúcida da pintura renascentista originou-se pelo menos parcialmente em algo mais do que as propriedades inerentes à representação de áreas planas, as leis da matemática e à visão binocular. A capacidade de uma pintura de fazer sentindo (ou de poemas, melodias, edifícios, vasos, peças teatrais, ou estátuas), que varia de um povo para outro, bem assim como de um individuo para outro, é, como todas as outras capacidades plenamente humanas, um produto da experiência coletiva que vai bem mais alem dessa própria experiência. Uma teoria da arte, portanto, é, ao mesmo tempo, uma teoria da cultura e não um empreendimento autônomo.

OnDe mORA a ArTe?
onDe mOra?
oNdE?